quinta-feira, 9 de junho de 2011

"De vento e cinza"















A gente não ama duas pessoas na vida, não mora no mesmo lugar duas vezes, não vê o mesmo filme duas vezes com a mesma visão e novidade da primeira. Hoje fiz algo diferente, passei pelas ruas que passava antes, fui à primeira casa que morei em Valadares, olhei para o lugar que claro, já não era o mesmo. Mas não era só o lugar que parecia mais escuro e triste, sem graça. A mudança estava em mim, eu já não era aquela menina que estava descobrindo a faculdade, as festas da boate, aprendendo a andar numa cidade com 200 mil habitantes a mais que minha, pequena e aconchegante. Nesta voltinha percebi o quanto mudei, aprendi a andar sozinha, com as minhas pernas, escolher ás pessoas que quero perto de mim.
Ah, mas como a gente apanha antes, anda com os “amigos” que deveriam estar do lado de lá, dos que nem sempre estão perto, mas estes sim são amigos. Aprendemos coisas que nem sempre estão nos livros que os casais “Eduardo e Mônica” são mais comuns que pensávamos. De repente me peguei lembrando coisas de 4 anos atrás. Roupas que eu nunca usaria, brincos que hoje jamais fariam parte da minha caixinha de bijuterias. A maquiagem que deixou de ser um batom rosa leve para um vermelho sangue, a coca-cola que aos poucos foi substituída por cerveja, sendo elas boas ou baratas. Aliás, parei de tomar o mundo feito coca-cola, comecei a beber o mundo até ficar de porre, me embebedando de coisas diferentes, de tudo que era novidade. Agora já não vou com tanta sede ao pote, é que ao tomar o mundo feito o Lulu Santos descobri que a água pode derramar. Andar devagar, mas andar...
Uma vez li um texto que falava assim: as relações são “de vento e cinza”. Entendi que isso acontece porque primeiro é montada uma fogueira, essa com lenha forte, ou que parece forte, aos poucos o fogo vai fazendo-a desmanchar e sobram cinzas, estas tão leves que o vento carrega. Mas, na verdade nós que somos de vento e cinza. Não botamos lenha para ficarmos da mesma forma a vida inteira. Passamos por mudanças assim como a fogueira, o vento, este é o tempo que sopra lentamente, mas sopra, quando olhamos para traz começamos a enxergar que não sobra mais nada. Aliás, sobram lembranças.

2 comentários: