terça-feira, 2 de agosto de 2011

As Putas da Afonso Pena

Desde quando cheguei a Valadares ouvia falar das “putas da rua Afonso Pena” ou escutava a expressão “putas da Serra Lima”. A verdade é que antes de ir morar na minha atual república nunca tinha visto elas de perto. Agora as vejo todo dia quando volto do inglês, da caminhada na Ilha ou vou ao supermercado... Lá estão elas! Já as vi combinado programa, discutindo preços e, para nossa lamentação, os caras que alugam o serviço delas são bonitões, andam de carro caro e roupas legais.
Para tristeza da minha mãe e medo dos meus companheiros de república meu faro jornalístico falou mais alto. Tão alto que há dois dias ensaio conversar com elas. Tá bom, há meses ensaio conversar com elas, trocar uma idéia, conhecer mais o mundo das “raparigas” e foi exatamente o que fiz. Conversamos, trocamos a tal idéia que eu tanto queria, falamos de família, diversão e o mais esperado e óbvio: SEXO!
Toda a conversa foi totalmente diferente do que eu imaginava, aliás, nada era como eu previa e esperava. Apesar de não fumar comprei um maço de gudan para oferecer e apenas uma delas fumava. Elas não gostam muito do cheiro do cigarro, da mesma forma que não gostam de ficar com meninos mais novos por problemas higiênicos, ansiedade e desespero deles. Segundo elas, homens mais velhos são melhores de lidar. Levei um susto quando me falaram que apenas 70% dos programas rola sexo, a maioria quer mesmo conversar. Quanto ao preço, para apenas bater um papo ou não são R$ 70,00.
Estávamos na esquina da Afonso Pena com a Belo Horizonte eu e três garotas de programa às 8 e meia da noite, duas de 19 anos e uma de 29. As mulheres eram tão lindas, com rostos que pareciam ser desenhados, o que foi mais uma surpresa pra mim, esperava mulheres velhas, feias e antipáticas. E claro, fiz as duas boas e velhas perguntas: Quando começaram a fazer programa e por quê?  Quanto ao início de tudo, o motivo foi dinheiro pra pagar as contas, comprar roupas, sapatos, leite para os filhos. Todas elas têm filhos, as de 19 (dois filhos cada uma) começaram a se prostituir com 14 e a de 29 (três filhos) e começou com 20 anos.
A cada dez minutos parava um carro e elas me contavam cada história mais bizarra que a outra. Davam gargalhadas gostosas e espontâneas seguidas da frase: “Dá o (...) e beijo na boca só pro namorado, e o máximo de desconto R$ 20,00. A gente nunca ficou sem receber não, mulher de rua faz escândalo”, contaram. Mas o movimento da esquina depende muito da época do mês e a partir do dia 5 as coisas sempre melhoram. Sobre anunciarem no jornal, pelo menos com as que conversei, acham furada. “Quando ligam nem dá pra ver quem é, aqui é no cara a cara. Caso o homem tenha jeito de porco e não queira usar camisinha já era, não rola mesmo!”
Sabe aquela velha história “tal mãe, tal filha” e de “filho de peixe, peixinho é”? Na esquina também acontece. A história é a seguinte: A mãe de uma das meninas era mulher de rua (essa é a expressão que elas usam)  e decidiu parar por um tempo. Neste intervalo a filha começou a se prostituir, por causa disso a mãe voltou pra esquina, ou seja, as duas saem de casa juntas para trabalhar. O que para nós é um escândalo, para elas é normal, simples.
É claro que  tenho muito mais pra contar, aliás, tem coisas que nem posso escrever. E querem saber como terminou? Paradas na esquina uma me perguntou: E se um carro parar aqui agora e quiser ficar com você, você vai? Aceita? Aos risos respondi: Não vai dar, eu sou careta!


3 comentários:

  1. Se fosse gatim e num carrão vc topava ir né Barbarete?! kkkkk... e de graça. kkkkk... A maquiagem vc aprendeu com elas direitinho. kkkkkkkkkkk... suas próprias palavras. "Homem gosta de mulher com cara de rapariga."

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir